Um Desafio aos Pregadores: Profetizem!

Subtítulo 1: Profecia não é prever o futuro. Profecia é proclamar a verdade.

Subtítulo 2: Se esforce, parceiro.

por Joffre Swait

Profetizar não é prever o futuro.

Entendam-me, eu sei que muitos profetas previram o futuro. Como cristão, seria estranho eu não reconhecer isso. Mas essa não era a essência do ofício de profeta, não era o que os profetas faziam. Os profetas transmitiam a Palavra do Senhor. “E a palavra do Senhor veio a mim, dizendo…” Seria também estranho eu fingir que essas profecias eram todas previsões do futuro. Muitas vezes, elas tratavam do que estava acontecendo naquele exato momento.

Veio, pois, a palavra do Senhor, por intermédio do profeta Ageu, dizendo: “Porventura é para vós tempo de habitardes nas vossas casas forradas, enquanto esta casa fica deserta? Ora, pois, assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai os vossos caminhos.” (Ageu 1:4,5)

Na maioria das vezes, as profecias abrangiam todo o tempo: passado, presente e futuro. Vossos pais fizeram assim, então vossa geração deve fazer assado, para que vossos filhos vejam tal e tal coisa. Os profetas serviam ao nosso Deus, o Deus de todo o tempo, o Deus acima do tempo. E chegavam para proclamar a Sua Palavra.

Profecia não é prever. Profecia é proclamar.

Pode ser que uma definição não cristã prefira a primeira opção. Quem negaria que a Sibila era uma profetisa, que os judeus esperavam um homem de Belém, que toda série de ficcão fantástica contém uma profecia que aguarda um Escolhido? No entanto, há uma longa tradição no cristianismo de acreditar na segunda definição. Se a palavra, como a tomamos do grego, tinha mais a ver com enxergar coisas antecipadamente, é uma reutilização etimologicamente legítima da palavra usá-la nesse sentido mais bíblico, nesse sentido de proclamar-falar. As profecias do Altíssimo Deus falam do futuro, mas esse não é o seu propósito. Seu propósito é revelar o plano e as promessas de Deus e chamar o Seu povo à ação.

Os cristãos reformados, em particular, têm uma história de associar profecia à proclamação da Palavra de Deus. Vamos citar João Calvino:

Que todo aquele, portanto, que deseja progredir sob a direção do Espírito Santo, permita-se ser ensinado pelo ministério dos profetas.

Pelo termo profecia, no entanto, não entendo o dom de prever o futuro, mas, como em 1 Coríntios 14:3, a ciência de interpretar as Escrituras, de modo que um profeta é um intérprete da vontade de Deus. Pois Paulo, na passagem que citei, atribui aos profetas o ensino para edificação, exortação e consolação, e enumera, por assim dizer, esses departamentos. Que, portanto, a profecia nesta passagem seja entendida como significando — interpretação adequada ao uso presente.

Em seu comentário sobre 1 Coríntios 12, Calvino novamente diz que os profetas interpretam as Escrituras, mas deixa claro que o ofício é diferente do de doutor ou mestre (Ef. 4:11). Os profetas não apenas comunicam a vontade divina, mas o fazem com destreza e habilidade, com um efeito emotivo ou (como acima) exortativo. Os mestres têm um papel mais conservador, enquanto os profetas são mais proativos (lá está aquele πρό novamente!).

Que, então, por profetas nesta passagem, entendamos, em primeiro lugar, intérpretes eminentes das Escrituras, e, além disso, pessoas dotadas de sabedoria e destreza incomuns para avaliar corretamente a necessidade presente da Igreja, para que possam falar de forma adequada a ela, e dessa maneira sejam, de certo modo, embaixadores para comunicar a vontade divina.

Entre [profetas] e mestres, pode-se apontar esta diferença: o ofício de mestre consiste em cuidar para que doutrinas sãs sejam mantidas e propagadas, a fim de que a pureza da religião seja preservada na Igreja. Ao mesmo tempo, mesmo esse termo é tomado em diferentes sentidos, e aqui talvez seja usado mais no sentido de pastor, a menos que prefira, talvez, tomá-lo de forma geral para todos que são dotados do dom de ensinar, como em Atos 13:1, onde também Lucas os associa aos profetas. Minha razão para não concordar com aqueles que fazem todo o ofício de profeta consistir na interpretação das Escrituras é esta — que Paulo restringe o número dos que devem falar a dois ou três (1 Coríntios 14:29), o que não se adequaria a uma mera interpretação das Escrituras. Em resumo, minha opinião é esta — que os profetas aqui mencionados são aqueles que tornam conhecida a vontade de Deus, aplicando com destreza e habilidade profecias, ameaças, promessas e toda a doutrina das Escrituras ao uso presente da Igreja. Se alguém tiver uma opinião diferente, não tenho objeção a isso e não levantarei disputa por causa disso. Pois é difícil formar um julgamento sobre dons e ofícios dos quais a Igreja foi privada por tanto tempo, exceto que ainda há alguns vestígios ou sombras deles para serem vistos.

Os reformados historicamente associaram e até equipararam profecia com pregação. Eles não estão sozinhos. Orígenes e Crisóstomo ensinaram de forma semelhante, e católicos romanos e ortodoxos nunca hesitaram em falar da pregação ser pelo menos profética. Apesar disso, na minha opinião, a equiparação direta dos dois é mais uma característica distintiva dos reformados do que de qualquer outra tradição.

Mesmo assim, tantos sermões reformados são tão secos quanto biscoitos de água e sal, e fazem que você anseie por um refresco tanto quanto uma verdadeira boca cheia de tais biscoitos faria.

Irmãos, imitem os profetas. Os profetas proclamavam a vontade de Deus, a Palavra de Deus, mas isso não significa que os profetas escreviam e apresentavam tratados acadêmicos. Eles não apenas proclamavam fatos brutos, a “verdade” crua. Estes eram servos do Deus Vivo, do Fogo Consumidor que nunca cessa seu ardor. Os profetas proclamavam Yahweh, fonte de toda verdade, beleza e bondade.

Muitos de vocês, pregadores reformados, estão praticando a arte do mero ensino, o ofício do mestre ou doutor, como Calvino o descreveria. Vocês deviam profetizar!

Segundo Calvino (que dizem ter pregado extemporaneamente), profetizar envolveria destreza, habilidade, ameaças, promessas, exortação e consolação.

Segundo o modelo dos próprios profetas, envolveria arte performática e poesia.

Ousem pregar, irmãos. Ousem emocionar. Ousem compor uma rima. Ousem fazer uma piada. Ousem zombar. Ousem, ouso dizer, CORTAR. Imaginem, se quiserem, que a Palavra de Deus é uma espada que penetra até a divisão de alma e espírito, e usem-na para cortar alguém.

Joffre Swait

Joffre Swait

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