por C. R. Wiley
Lembro-me de anos atrás, estar sentado em uma aula na Harvard Divinity School, e na minha frente estava sentada uma mulher indiana — você sabe, da Índia — e ela, em suas palavras, era pastora de uma igreja congregacional (Igreja Unida de Cristo, Cristo, naturalmente).
Ela era formada pela HDS e tinha voltado para a escola para fazer algumas aulas com seu professor favorito. O favorito dela também era o meu, Ralph Potter, um homem que não seguia modismos, mas, em vez disso, dava aulas que se baseavam nas riquezas da tradição ocidental de uma forma que era acolhedora e tudo menos agressiva. Nós líamos Montaigne, Aristóteles, Graciano e até Agostinho.
O comentário dela na aula naquele dia foi algo que realmente me impressionou. Foi algo assim: “Minha educação me preparou para confrontar o patriarcado. Gostaria de ter alguns patriarcas na minha igreja. As pessoas mais controladoras na minha igreja são mulheres velhas.”
Confesso que meu pensamento naquele momento (que não verbalizei) foi: “Boa sorte com isso, irmã”.
Uma das coisas pelas quais sou grato ao longo dos meus mais de 30 anos de ministério é que tive muitos homens bons em minhas igrejas. Levá-los para a igreja e mantê-los lá não tem sido um grande problema para mim. Eu diria que minhas congregações foram divididas aproximadamente, 50/50 entre homens e mulheres.
Pelo que vi e ouvi, isso é incomum. E não é apenas o resultado de pertencer a uma denominação específica ou de manter uma teologia específica. Em duas das igrejas em que servi anteriormente, meus sucessores conseguiram expulsar os homens e retornar as proporções para algo mais próximo da norma — 70/30 favorecendo as mulheres.
Então, qual é o meu segredo?
O que se segue são alguns conselhos enraizados principalmente no senso comum. Nada terrivelmente profundo, embora alguns deles provavelmente acionem as feministas entre meus leitores (se houver alguma entre meus leitores).
Primeiro, se você quer alcançar os homens, seja homem.
Agora, estou falando sobre alcançar homens que se identificam como homens. Essa pode ser uma população em declínio. Se homens desse tipo morrerem completamente, suponho que esse conselho não terá valor algum. Mas duvido que isso aconteça, apesar dos sonhos utópicos de um mundo de gênero fluido.
Deixe-me acrescentar esta ressalva. Você não precisa ser o homem mais másculo por aí. Eu tenho altura e constituição médias. Não falo incessantemente sobre esportes, caça ou mesmo política conservadora. Já fui um empreiteiro de reformas residenciais e isso ajuda, especialmente quando se trata de me relacionar com os operários. Mas não acho que esse tipo de coisa seja necessário.
No entanto, você não pode ser efeminado. Isso é realmente uma dificuldade para homens másculos. Caras efeminados, dão arrepios em homens másculos. Se você tem uma voz feminina, ou um jeito efeminado, desculpe, Jack, mas é improvável que você leve homens másculos para a igreja.
Não se iluda com isso!
Isso pode parecer contraintuitivo, mas você não deve fazer do alcance de homens o foco da sua igreja. O foco deve ser a verdade do evangelho e viver em obediência a ele.
Eu vi alguns caras que, sem querer, fazem uma caricatura da masculinidade ao focar em marcas superficiais dela. Você sabe, esportes, caça, armas, essas coisas. Todas essas coisas são ótimas, e eu gosto delas. Mas os homens também podem gostar de belas artes, vinho, até mesmo dança.
Masculinidade é mais sobre assumir certas responsabilidades como homens, responsabilidades frequentemente compartilhadas também por mulheres. Mas os homens fazem essas coisas de maneiras que estão de acordo com a sua masculinidade. Mas eu acho que isso acontece naturalmente, sem muito alarde. A masculinidade não é uma coisa vaidosa. Pode até ser caracterizada como uma espécie de desprezo as aparências.
Aproxime-se.
Ao longo dos anos, fiz questão de entrar em contato com os homens. Isso pode parecer que estou contradizendo meu primeiro ponto. Mas não acho. Tento entrar em contato com todos. Mas, sendo eu mesmo um homem, há uma base para contato que simplesmente não existe com outras pessoas.
Aqui está o que quero dizer: Geralmente faço questão de me encontrar com um homem novo na igreja para almoçar. Normalmente espero ele vir à igreja algumas vezes antes de fazer essa oferta. Obviamente, algo assim não funciona com mulheres ou crianças. Além disso, acredito que os homens têm dons e responsabilidades que são exclusivos do nosso sexo. Então, sendo eu mesmo um homem, tenho uma base para falar sobre essas coisas com outros homens. Posso não ir direto a este assunto no almoço de “conhecer você”. Mas uma vez que a conexão foi feita e uma medida de confiança e abertura é evidente, posso fazer isso.
Agora, algumas coisas que podem parecer superficiais, mas que acho que comunicam aos homens.
Dê um aperto de mão firme e seco e olhe nos olhos do rapaz.
Isso comunica sinceridade, mas também confiabilidade. Suspeito que a força física esteja sendo comunicada sutilmente dessa forma também. (A propósito, moças, isso não vai funcionar para vocês. Se vocês estão tentando se aproximar de homens, é melhor serem femininas. Uma mulher que tenta se igualar a um homem quando se trata de força, ou franqueza, também é assustadora. Não gosta disso? Veja meu ponto anterior sobre sonhos utópicos.)
Abandone a manipulação emocional.
Estou falando principalmente em músicas e histórias melosas, coisas do tipo. Acho que são como doces. Podem causar uma “onda” emocional em todos, inclusive nos homes. Mas com o tempo a lei dos retornos decrescentes parece se formar. E para os homens isso acontece rápido.
Por favor, nada de “mãos dadas”, ou coisas do tipo. E falando de modo geral, a palavra “amor” deve ser reservada para quando você realmente quer dizer ela.
Evite tocar na esposa ou nos filhos de outro homem.
Tocar não comunica apenas afeição, comunica propriedade. Há algo primordial em ação aqui, e é politicamente incorreto pensar nesses termos, eu sei. No entanto, a realidade não é politicamente correta. E você pode ser politicamente correto e transformar sua igreja em um clube de mulheres, ou pode se submeter aos fatos e parar de tocar os membros da família de outro homem.
Quando você se abstém de tocar nas coisas de outro homem, você sutilmente comunica seu respeito por ele. Agora, eu faço dessa forma. Depois do culto (ou antes), quando estou cumprimentando as pessoas, sempre estendo a mão para apertar a mão do homem primeiro. Se isso não for prático, não faço disso uma objeção. Pois se a esposa vier primeiro, espero que ela estenda a mão para mim. Então eu respeitosamente aperto a mão dela, tirando algo do aperto. Eu nunca, nunca me inclino para abraçá-la. Se ela o fizer em minha direção, eu retribuirei. Mas eu o faço brevemente e respeitosamente, e sempre – e não posso enfatizar isso o suficiente – sempre, com meus olhos voltados para o marido.
Quando as crianças vêm, eu faço a mesma coisa. Eu sempre presto meu respeito ao pai delas enquanto as cumprimento.
Isso não é difícil. E é tudo bem natural. Nunca ninguém sequer comentou sobre como eu me comporto. Eu só sei que outros homens ficam à vontade perto de mim porque eu mostro a devida consideração por eles.
É o suficiente por enquanto. Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça.
Este artigo foi originalmente publicado em Kuyperian Commentary. Tradução de Michael Ferreira.