por Bill Smith (publicado em inglês na Kuyperian Commentary)
Deus criou o homem à Sua imagem, dando-lhe domínio sobre os peixes do mar, as aves dos céus, as bestas e tudo o que se move sobre a terra. O homem foi ordenado para governar as bestas.
A serpente era mais sábia do que qualquer outra besta do campo, mas ela era de qualquer forma uma das bestas do campo. O homem deveria governar a serpente. Em vez disso, o homem se submete à serpente, permitindo que a serpente tivesse domínio sobre ele. Quando Yahweh Deus vem para sua inspeção, descobrindo o que o homem fez, ele veste o homem com a pele de uma besta. Vestir o homem com pele de besta é uma graça que cobre o pecado do homem, mas há outra dimensão nisso. O homem se tornou bestial. Ele está sob o domínio da besta. O mundo está de cabeça para baixo. Adão precisa de um filho para corrigir as coisas, um homem que fará o que ele falhou em fazer e tomará domínio sobre a besta.
Deus prometeu que um filho de Adão ou filho do homem viria para tomar domínio sobre a besta. O filho do homem seria a semente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente (Gn 3:15), recuperando a autoridade real do homem sobre a criação.
A profecia de Daniel completa esse destino quando ele vê uma visão que envolve o Ancião de Dias, o Filho do Homem e quatro bestas (veja Dn 7). As quatro bestas representam quatro reinos do mundo. Historicamente, esses reinos eram Babilônia, Média-Pérsia, Grécia e Roma. Sendo quatro reinos levantados do grande mar pelos quatro ventos do céu, esses reinos representam todos os reinos dentro dos quatro cantos da terra. Isso significa todas as nações. As nações são bestiais, sob o domínio da serpente. A quarta besta persegue o Filho do Homem, devorando-o. No entanto, o Ancião de Dias, o Juiz de todos, decide a favor do Filho do Homem e lhe concede domínio sobre as bestas, que são as nações.
Quando Jesus fala de si mesmo como “o Filho do Homem” ao longo dos Evangelhos, é por isso. Ele é o filho de Adão, destinado a esmagar a cabeça da besta e retomar o domínio régio sobre todas as nações, colocando o mundo de volta em ordem. Quando Mateus registra a Paixão de Cristo (Mt 26–27), ele começa registrando Jesus dizendo que o Filho do Homem será entregue para ser crucificado (Mt 26:2). Jesus continua se referindo a si mesmo como o Filho do Homem ao longo de Mateus 26. Ele sabe quem ele é e onde ele está no drama divino. Ele está prestes a ser devorado pela besta (veja Sl 22:12-13).
Mas Jesus também sabe como a história termina.
Após o sábado, ao amanhecer do primeiro dia da semana, o Ancião de Dias governou, vindicou o Filho do Homem e começou sua exaltação para governar sobre as bestas, tomando o domínio da besta (Dn 7:12). A ressurreição de Jesus é a declaração do Pai de que o mundo está sendo colocado em ordem novamente com um homem como rei da criação. Toda autoridade no céu e na terra está sendo dada ao Filho do Homem. Aqui está como Daniel descreve:
““Eu estava olhando nas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído.”” (Dn 7:13-14)
No final de Mateus 28, Jesus deixa claro que ele é o Filho do Homem quando diz a seus discípulos: “Toda autoridade no céu e na terra me foi dada” (Mt 28:18). Ele é o segundo e último Adão, o Filho do Homem, o Rei da criação. O domínio foi retirado das bestas.
As nações bestiais agora devem aprender o que significa submeter-se à autoridade de seu rei. As nações devem ser discipuladas. Este discipulado começa com o batismo. Ser batizado em Cristo é vestir-se de Cristo (Gl 3:27). Neste ato, a pele bestial é substituída pelo corpo de Cristo, que é a verdadeira humanidade. No batismo, somos transformados de bestas em homens. Como homens recriados, então somos ensinados a obedecer a tudo o que nosso Rei nos ordenou para que possamos cumprir a missão de fazer a terra ser tudo o que Deus pretendia desde o início.
A Páscoa é a declaração do Pai de que o mundo mais uma vez tem um homem como rei. Jesus é esse Rei.